domingo, 24 de fevereiro de 2008

O Simbolismo dos Números

Autor: José Laércio do Egito - F.R.C.

"O único mistério do universoé o mais e não o menos ".
Fernando Pessoa
Nestas palestras iniciais apresentaremos alguns conhecimentos místicos básicos sobre o simbolismo dos números. Focalizaremos alguns conhecimentos já ensinados pelas ciências herméticas, além de outros ainda não divulgados. Iniciaremos pelos três primeiros números conforme são estudados pelos místicos. Procuraremos discuti-los usando alguns exemplos de caráter prático, fugindo tanto quanto possível daquela linguagem velada que normalmente é usado na divulgação de conhecimentos esotéricos, para que certas dúvidas e erros possam ser eliminados da compreensão dos discípulos da senda.
Sabemos que grande número de estudantes da senda têm dúvidas quanto ao significado esotérico dos números, e o que é pior, muitos têm idéias errôneas a respeito deles ou simplesmente não entendem o real significado dos três primeiros números.
As idéias deformadas derivam, segundo o nosso entender, da leitura de muitos livros que mais confundem as pessoas do que ensinam as verdades do misticismo, por isto não é sem razão que as ordens autênticas recomendam muito cuidado quanto aquilo que é oferecido em forma de livros aparentemente sérios.
Nossa intenção é dar respostas às indagações que nos têm sido feitas sobre os princípios ensinados pelas Ordens Iniciáticas usando uma linguagem clara, fácil e lógica, para que a matéria seja acessível ao buscador de forma que ele possa ter alguma compreensão metafísica inerentes à natureza das coisas. Da maneira como o assunto atualmente vem sendo exposto em alguns livros, o buscador certamente nada consegue entender, acaba perdendo o seu precioso tempo, ou pior ainda fica sujeito a confundir verdades com superstições como conseqüência de ensinamentos deformados de numerologia.
Procuraremos usar uma forma de linguagem simples, usar exemplos fáceis e claros, pois na natureza a verdade jamais é complexa. Onde houver complexidade indubitavelmente há erros. As leis naturais são fundamentalmente simples e isto se comprova à medida que elas são devidamente estudadas.
No passado um tanto remoto os algarismos, assim como as letras, traziam um duplo sentido. Um sentido exotérico, comum, o que todos entendiam, profano, técnico, e concomitantemente um sentido essencialmente esotérico, isto é, um sentido oculto acessível só aos membros das sociedades iniciáticas. Em outras palavras, os algarismos tinham um sentido profano usado como meio de contagem, e um sentido iniciático indicativo de mensagens veladas.
Nesta palestra nosso intento é fazer alguns comentários preliminares sobre o significado oculto dos números tentando retirar parte do véu de mistérios que envolvem o sentido esotérico do l, 2 e 3, sem nos aprofundarmos, porém nesses ensinamentos para não fazermos revelações não liberadas às pessoas não iniciadas.

Número 1
N Ú M E R O UM - Esotericamente se diz que o UM não é por si mesmo manifesto e por isto ele não tem existência real para a nossa consciência. Vejamos o que isto significa.
Quem observar um pássaro pousado sobre um cabo elétrico facilmente nota que nunca acontece uma eletrocussão. Não acontece porque a ave não está ligada a terra, ou a um outro fio com diferença de potencial. Quando o pássaro está pousado em apenas um dos fios nada acontece com ele porque a eletricidade está para ele em fase que podemos chamar "fase um". Somente quando uma outra situação se estabelece, que é a presença de um segundo fio por onde também escoe corrente elétrica com um diferente nível (diferença de voltagem), é que acontece algo, isto é, a eletricidade se torna manifesta e passa a existir realmente para a ave. Não sendo assim ela não sofre a mínima ação de qualquer coisa que exista ou que ocorra no fio em que está pousada.
Alguém que esteja sem contato com um segundo cabo ou com o solo não tem condições de saber diretamente se este está ou não está eletrificado. É absolutamente impossível sabê-lo, pois, naquela situação o fio é simplesmente um arame.
Vale notar o seguinte; mesmo que a ave nada sinta, ou que uma pessoa nada sinta, mesmo assim não há garantia de que um determinado fio esteja sem corrente. Absolutamente, o que ocorre é que apenas não há manifestação da corrente por falta de meios para evidenciá-la. Pode acontecer que entre o fio e o solo, ou que entre um fio e outro haja diferença de potencial, haja diferença de voltagem, então quando um contato for estabelecido com aquele segundo elemento, é que surgirá o "choque elétrico", a descarga elétrica se tornará real. Enquanto não houver o segundo elemento nada se saberá a respeito da presença ou não da corrente. Corrente elétrica em UM só fio, mesmo que em elevadíssimo nível de intensidade, não aquele uma resistência elétrica, não acende uma lâmpada, não faz girar um motor e nem gerar qualquer tipo de trabalho. Para que ela faça tais coisas é necessária a presença de um SEGUNDO fio. Por esse exemplo podemos dizer que a corrente elétrica está para o pássaro numa primeira condição, numa condição UM.
Evidentemente no fio existe algo, que a pessoa não se dá conta. Tomando-se UM só fio indiscutivelmente nele poderá "existir eletricidade", contudo esta estará imanifesta, razão pela qual não é possível se ter percepção direta dela.
Se numa sala escura colocarmos qualquer objeto negro, evidentemente este não será visível. Ele se comporta como se não existisse, embora esteja lá. Porém se clarearmos o objeto negro então ele se tornará visível.
Na primeira situação ele está na fase UM em relação à consciência, e quando clareamos criamos uma condição oposta, isto é, introduzimos o elemento DOIS que permite que o objeto (elemento UM) se torne visível. A recíproca é verdadeira, se clarearmos a sala o objeto aparecerá e passará a existir para a consciência objetiva.
Para demonstração prática da imanifestação de algo em condição UM, sugerimos o seguinte experimento: Tome um recipiente de vidro, uma lâmina de vidro que possa ser colocada dentro do recipiente, e uma certa quantidade de água limpa. Em seguida coloque a água no recipiente e a lâmina de cristal dentro dele. Então, se verificará que a lâmina aparentemente some, como que desaparece, isto é, a pessoa deixa de se dar conta dela, é como se a lâmina desaparecesse, deixasse de existir para o observador. Porém, se for modificada a cor da lâmina - condição DOIS - ou a cor diferente da água - então a lâmina se tornara visível. Criando-se uma segunda condição oposta à primeira - cor da lâmina - então o evento se torna conscientizável, se torna visível. No primeiro caso a lâmina é fase UM em relação ao meio liquido em que está imersa. Também poderia ser derramado um corante no recipiente o que faria com que a lâmina de vidro se tornasse visível. O corante age com segundo elemento - o DOIS - sem o qual o evento não é detectado diretamente pelo sentido da visão. Erroneamente alguém poderá julgar que neste experimento o resultado é decorrente de uma incapacidade ou limitação da acuidade do sentido visual, contudo não é isto, pois se trata na verdade da aparente inexistência objetiva de qualquer fenômeno em fase UM.
Examinemos o problema com outro exemplo. A produção de energia hidrelétrica. Suponhamos um lago em uma planície. Lago e terra sem qualquer potencial utilizável. Então elevemos o lago para um planalto e surgirá potencial hidrelétrico capaz de gerar energia. Lago e terra nos dois casos, porém na última situação há o acréscimo de uma segunda situação (DOIS) que é o desnível. O lago pode ser o mesmo, ele pode não mudar em nada quanto a sua natureza de uma para outra situação. A única diferença é que no segundo caso foi introduzida uma situação a mais, independentemente da natureza própria do lago.
No reino animal, nós vamos encontrar o princípio da imanifestabilidade do UM exatamente no mimetismo dos animais. Mimetismo é a capacidade que têm certos animais de tomar as cores do ambiente para se camuflarem e não serem percebidos pelos predadores. Certos lagartos e insetos confundem-se com o meio ambiente tornando-se "invisíveis" ao assumirem a mesma cor da superfície em que repousam. Forma um conjunto de uma só cor, razão pela qual torna-se de difícil visualização objetiva. Em essência o que acontece naquela situação é que o animal se torna uno com o meio, ou seja, ele fica na fase UM em relação ao ambiente.
A partir desse ponto queremos salientar algo muito importante. O UM não significa esotericamente algo inexistente. A fase UM existe realmente, mas apenas ela não pode ser diretamente conscientizada. Nos exemplos que demos é fácil admitir que a eletricidade existe num só fio, que a lâmina embora invisível existe no recipiente, que o animal embora oculto existe verdadeiramente sobre a superfície com a qual se confunde. Por meio de instrumentos que sejam capazes de estabelecer alguma forma de contraste o UM se torna detectável. Assim sendo podemos afirmar que a fase UM existe, mas nunca ela é detectada diretamente. Quando um instrumento a detecta é porque o seu mecanismo estabeleceu alguma forma de contraste, de oposição, que se constituiu uma segunda condição.
Agora suponhamos um hipotético país em que só houvesse uma temperatura uniforme para todas as coisas. Em conseqüência, aquilo que chamamos temperatura jamais seria conscientizado lá. Nunca as pessoas se aperceberiam de algo para denominar temperatura onde ela só se manifestasse em UM só nível. Naquele lugar os seres somente teriam consciência de temperatura se houvessem variações térmicas. Se tudo tivesse uma só temperatura, se todos os climas e todos os objetos tivessem uma temperatura uniforme, constante, digamos 20º C., as pessoas por certo não teriam consciência dela e evidentemente não criariam sequer uma palavra, e muito menos um aparelho, para medir temperatura. Mas, mesmo as pessoas não se dando conta da existência da temperatura, mesmo assim aquele nível de calor existia. Tanto isto é verdade que se alguém de um outro lugar onde existissem variações térmicas lá chegasse ele teria por certo se daria conta da temperatura ambiente e até poderia determiná-la por meio de um termômetro. Para os nativos não haveria consciência de calor, de modo algum eles poderiam entender aquilo que o visitante estivesse falando ou medindo, pois somente conhecendo um nível térmico é que eles teriam consciência de calor. Este seria UM para eles. Certamente nunca se usaria um termômetro num hipotético mundo de uma só temperatura, pois, se descendência ali o calor, jamais surgiria a necessidade de medi-la e de construir um instrumento para medir algo que nem sequer suspeitava-se existir. Este tipo de descoberta só poderia ser feito por raciocínio dedutivo e não por registro objetivo.Temperatura uniforme 20º C seria fase UM.
Como podemos ver, a primeira manifestação de qualquer coisa é exatamente aquilo que se pode definir como o um esotérico.
Se todas as coisas do mundo, por exemplo, fossem igualmente verdes ninguém se aperceberia daquilo que chamamos cor, embora ela existisse realmente. Se num dado momento surgisse uma outra cor, o azul, por exemplo, só então as pessoas se aperceberiam de que algo estava existindo, perceberia que duas coisas estavam existindo, o verde e o azul, e então haveria a consciência de cor.
Diante de uma situação isolada nunca será perceptível a fase um por isto se diz que o um não tem existência real. Tem existência num sentido absoluto - como uma atualidade - pois desde que é passível de ser detectado dedutivamente, ou por meio de instrumentos, etc., mas num sentido relativo, isto é, em relação à consciência objetiva dos seres tudo se passa como se não existisse.
O UM representa a primeira fase da evolução de qualquer coisa que só se torna manifesta e conscientizável quando surge uma diferença de nível, uma polarização, uma segunda situação que lhe sirva de contraste.

Número 2
N Ú M E R O DOIS
Para que algo seja conscientizado é necessária uma segunda condição, ou seja, uma fase dois. Vamos chamar dois aquela condição que surge para complementar a manifestação da fase um. Nos exemplos dados a fase dois é o solo ou o segundo fio com diferença de potencial, no exemplo da ave; é a modificação de coloração do liquido ou da lâmina; é o desnível no do lago, etc. O pássaro só será eletrocutado com o surgimento de uma segunda - dois - condição, se tocar um outro fio; o lago só terá potencial hidrelétrico se estiver num nível elevado e o animal mimetizado só será visto se surgir um contraste entre ele e o ambiente.
Agora vale notar que a fase dois complementa a fase um, mas não é de natureza diferente. A fase dois sempre é de idêntica natureza da fase um. Só se tem idéia daquilo que se chama "grande" porque existe o seu oposto, o "pequeno”; o escuro só é percebido porque existe o seu oposto, o claro; o bom, porque existe o ruim; o bonito, porque existe o feio; o rico porque existe o pobre, e assim por diante.
Como se pode perceber, o dois é o contraste do um. Sem o dois o um pode existir, mas não pode ser conscientizado, não pode se manifestar objetivamente por falta de um contraste. O um existe sem se manifestar, sem que se tenha consciência da sua existência até que surge a fase dois que é o seu oposto. O dois por si só também não se manifesta, pois é equivalente ao um. É necessário salientar que a fase dois é oposta à fase um, mas ambos nunca são de naturezas diferentes. São idênticas em natureza, mas situados em extremos opostos. O UM e o DOIS constituem apenas pólos opostos de uma mesma coisa.
Pensemos profundamente no seguinte: quantas coisas devem existir no Universo, mesmo em torno de nós, das quais não temos a menor consciência, exatamente por estarem na fase um em relação a nó!
Nos dois fios elétricos citados não existem coisas diferentes em cada um deles e sim uma mesma coisa, que é o fluxo de elétron. O que acontece é que num dos fios o fluxo é mais intenso em um que em outro. Disto decorre que quando se toca ao mesmo tempo nos dois fios há uma corrente de elétrons oriundo do fio de maior fluxo para o de menor fluxo, mas em ambos a coisa é a mesma, tão somente fluxo de elétron. O lago, tanto no planalto quanto na planície, é uma mesma coisa, água e terra. Toda diferença reside no desnível que faz a água fluir do ponto mais elevado para o menos elevado. O grande e o pequeno são uma mesma coisa, pois aquilo que sobra em um corresponde exatamente aquilo que falta no outro.
Se todos os vales da terra fossem preenchidos, se pusesse terra neles, as montanhas desapareceriam também. Na montanha sobre terra, no vale falta terra.
Alguém é mau, por não possuir bondade; é pobre por não possuir riquezas; é baixo por não ter altura; é feio por não possuir beleza, etc. Adicione-se altura ao baixo, ele se tornará alto; bondade ao mau, ele se tornará bom; riqueza ao pobre, ele se tornará rico. Tire tamanho de uma coisa alta e ele se tornará baixa. Assim os opostos, o um e o dois são idênticos em natureza.
Vemos também que o um e o dois se completam e se comportam como pólos opostos de uma mesma coisa e disto à aplicação da Lei da Polaridade presente em todo o Universo Creado.
Para que a temperatura seja notada é preciso que existam pelo menos duas graduações de calor. Para que o dia seja notado é necessária uma situação oposta ao dia - fase um - que é a noite fase dois e então a pessoa se dá conta daquilo e assim surge a necessidade de uma denominação para as duas situações opostas. Mas, dia e noite, em essência, é uma mesma coisa. Noite é a ausência do dia e vice-versa. Isto é sempre válido, para que algo exista no atendimento da nossa consciência objetiva há necessariamente a obrigatoriedade de um contraste entre duas ou mais situações. Há necessidade de duas condições que se oponham para que algo tenha existência real para a nossa consciência objetiva. A mente objetiva é analógica, isto é só percebe por analogia, por comparação entre dois valores. A pessoa só se dá conta da existência da luz porque existe a treva como seu oposto, e vice-versa. Treva e luz é uma mesma coisa porem em polaridades opostas.
Qualquer coisa sem o seu oposto é como se não tivesse existência para nós. Assim são todas as coisas existentes no Universo.

Número 3
N Ú M E R O TRÊS
Vimos que ao surgir a fase dois a pessoa se dá conta da existência da fase um, isto é, o um se torna manifesto quando surge o dois e imediatamente surge sempre um elemento três, uma terceira condição.
O pássaro está pousado em um fio e nada acontece a ele, mas quando surge o contato com o segundo fio - dois - imediatamente surge a terceira - três - condição que é a corrente elétrica capaz de provocar uma eletrocussão. Quando aquela lâmina de cristal está mergulhada na água ela está invisível, mas quando é posto um corante no líquido - fase dois - que determina uma diferença de cor entre o líquido e o cristal, imediatamente surge a consciência de algo - fase três - a lâmina de cristal. Na comparação entre a condição que se chama "bem" e aquela que se chama "mal" surge a terceira condição que é a idéia de bondade, e assim por diante.
Sempre que se estabelecem duas polaridades em alguma coisa haverá simultaneamente uma terceira condição representada, no mínimo, pela conscientização do evento.
Foi exatamente dessa interação entre três condições, valores interligados, que as Doutrinas Místicas tiraram o SIMBOLISMO DO TRIÂNGULO. Geralmente para aquelas doutrinas o triângulo é sagrado porque representa graficamente a TRINDADE de todos os eventos, pois tudo o que existe pode ser estudado por um desdobramento de triângulos, ou seja, pela interação dos três primeiros números esotéricos.
O número TRÊS simboliza a manifestação perfeita de algo, por ser a condição necessária para que a conscientização se apresente.
Podemos pressentir duas situações advindas da manifestação do Três:
A - Conscientização de coisas abstratas;
B - Conscientização de coisas concretas.
Conscientização de coisas abstratas:
Como já citamos em alguns exemplos, mesmo as coisas abstratas, as percepções abstratas são também trinas em manifestação. Exemplo: grandeza é uma idéia abstrata, ela nada mais é do que a resultante de duas condições também abstratas que são a idéia do grande e a idéia do pequeno. Beleza é a conscientização de duas situações abstratas opostas; feio e bonito. Assim, se pode afirmar que toda idéia abstrata também É suscetível de ser desdobrada em duas componentes. Se este desdobramento não for possível, certamente estaremos diante de uma idéia composta por várias trindades passíveis de sucessivos desdobramentos.
Conscientização de coisas concretas:
Também no campo da conscientização de coisas concretas a Lei do Triângulo é soberana. Quando algo não for susceptível de ser desdobrado em duas componentes certamente ele é complexo e precisa sofrer vários desdobramentos secundários.
Tomemos como exemplo as cores. Aparentemente elas são inúmeras, mas após vários desdobramentos restará só três delas: Vermelho, Amarelo e Azul. Qualquer nuance de cor existente, essencialmente é o resultando de uma combinação em partes variáveis daquelas três cores fundamentais.
No Universo, com relação àquela condição objetiva que denominamos "tempo" há três situações a serem consideradas: PASSADO, PRESENTE, FUTURO. É pela comparação dos dois pólos passado e futuro que vamos encontrar o presente. O presente é uma idéia metafísica de concepção difícil. O que é o presente? Onde termina o passado e começa o futuro para que se possa situar o presente? Por menor que seja intervalo de tempo considerado sempre é possível que aquilo seja o passado. O "agora" somente existe em função das limitações sensoriais. O presente é apenas a conscientização das duas situações, passado e futuro. Por outro lado podemos dizer que praticamente o futuro não existe porque sempre que atingimos um momento que antes considerávamos futuro ele se torna presente. No sentido relativo o passado é UM, futuro é DOIS e presente é TRÊS. Como no sentido absoluto só existe o PRESENTE, logo só existe o TRÊS, mas como ele está só, então só existe o UM.
Tudo aquilo que existe é constituído de três partes, duas das quais constituem um bipólo.
Existimos num Universo, talvez de várias dimensões, mas para a nossa consciência objetiva ele se manifesta por três delas. Nossa consciência necessita apenas de três dimensões, por isto somos seres de um mundo tridimensional. Esta é a razão pela qual tudo que basicamente existe para nossa consciência é trina em essência, num mundo de mais dimensões a regra é outra conforme o seu número básico.
O Triângulo é a representação gráfica deste princípio fundamental da constituição das coisas susceptíveis de conscientização. Somente aquilo capaz de ser representado graficamente por um triângulo pode ter existência real para a nossa consciência porque somos adaptados a um Universo de três dimensões.

sábado, 23 de fevereiro de 2008

A Origem do Rito Escocês

A Origem do Rito Escocês
Autor: Ir.'. Kurt Prober

Ao contrário do que vulgarmente se acredita, o RITO ESCOCÊS nada tem a ver com o Estado da ESCÓCIA, pois na época do aparecimento deste rito, as Lojas de lá trabalhavam no Rito de YORK, como em toda a Grã-Bretanha.

Afirmam certos historiadores tradicionais, mas sem jamais terem podido comprová-lo ou documentá-lo, que a criação de graus "inefáveis" deste rito se teria procedida logo depois da terminação da primeira Cruzada (1099 D. C.), na Escócia, na França e na Prússia, simultaneamente. Mas tudo isto é pura fantasia, bastando dizer que a Prússia então, como Estado, ainda nem existia. Houve isto sim, a criação de inúmeros "títulos" honoríficos de "Ordens de Cavalaria", mas estas nada tinham a ver com a Maçonaria.

É muita vontade de criar uma falsa antiguidade, hoje em dia muito usual na Arte Real, e muito similar, á idéia de ANDERSON, ao publicar, depois de sua famosa CONSTITUIÇÃO DE 1723, uma nebulosa "HISTÓRIA PATRIARCAL DA MAÇONARIA" (começando em 3785 A. C. E terminando na Inglaterra em 1714 DC). É a conhecida "Maçonaria Romanceada", que sistematicamente nos é apresentada pelos nossos editores "especialistas", em traduções de literatura estrangeira barata, por não estarem os historiadores patrícios dispostos a pesquisarem a história da maçonaria AUTÊNTICA, e com isenção de animo nem a nossa história querem analisar.

Mas o que a maioria destes escritores fez, foi escrever a história da maçonaria "NA" Escócia, começando pelo famoso EDITAL da Cidade de Edinbourgh, de 1415, permitindo a constituição de uma "Corporação de Franco-Burgueses", e a Arte Real, que se foi desenvolvendo depois disto.

Fato é, que o RITO ESCOCÊS surgiu na FRANÇA, e isto depois de lá ter sido introduzida a Maçonaria Inglesa, naturalmente do Rito de YORK.

A primeira Loja foi instalada em 1 de junho de 1726, na adega "AU LOUIS D'ARGENT", á rua dos Açougueiros (rue de Bucherie), de propriedade do inglês "HURE", loja esta que teria sido fundada por Lord DERWENTWATER e Ld. HARNOUESTER.

Em 17 de maio de 1729 foi instalada uma segunda Loja, fundada pelo filantropo francês André-François Lebreton, numa outra adega da mesma rua. Só em 1732 surge a LOGE DE BUSSY, sob jurisdição inglesa, que recebeu o N° 90 e o nome de "KING'S HEAD AT PARIS" e foi provavelmente sucessora da "Louis D'Argent". E até 1735 mais três lojas foram ai fundadas sob a jurisdição da Gr. Loj. Inglesa.

Consta, que por volta de 1728 teria sido fundada a Grande Loja de França, pelo menos é isto que ela mesma afirma em sua nova Constituição de 1967 (Ref. F-1967,936), mas o que se sabe é apenas, que entre 1728/30 um "Ordre des Francs-Maçons dans le Royaume de France" organizou o seu "Regulamento Geral", dentro dos moldes da Organização Inglesa, elegendo para seu primeiro Gr.: M.: o Príncipe Philippe de WHARTON, ex-Gr.: M.: da Grande Loja de Londres, que em 1728 se tinha refugiado em Paris.

Foi ele sucedido por James-Hector Mac Leane, Cavaleiro "Baronnet D'ECOSSE", em 27 de dezembro de 1735. E foi este que fixou todos estes fatos para a posteridade, num manuscrito recentemente encontrado na Biblioteca Nacional de Paris, e já falando ele de GRANDE LOJA, de modo que é mais do que provável, ter este titulo sido adotado um pouco antes pelo seu antecessor, digamos entre 1730/35. Em seguida o supremo malhete passou para as mãos de Charles Radclyffe, "4° Conde de Derwentwater", em 27 de dezembro de 1736, e depois para o Duque D'AUSTIN, neto de Madame de MONTESPAN, em 1738.

E tanto isto é verdade, que ANDERSON em seu "New Book of Constitution", impresso em Londres em 1738, á página 195 diz textualmente o seguinte:

"... Todas ESTAS Lojas Estrangeiras (... Acabara de relacionar as Lojas inglesas no estrangeiro...) estão sob a proteção de nosso Grão Mestre da Inglaterra; entretanto, a Loja antiga da cidade de Nova York, e as Lojas da ESCÓCIA, da Irlanda, da França e da Itália, tendo declarado a sua Independência, tem "os seus próprios Grão Mestres: Muito embora tenham as MESMAS CONSTITUIÇÕES, Obrigações Regulamentos, etc., de seus Irmãos da Inglaterra, estando igualmente zelando pelo estilo Augustiano e os segredos da antiga e honorável fraternidade..."

Logicamente outras Lojas e talvez mesmo outras potências administrativas foram surgindo logo, e a índole latina foi imediatamente modificando e alterando a ritualística da maçonaria tradicional inglesa, para o seu gosto por demais rígida e sem dar o destaque ás castas governantes e militares, que sentiram a necessidade de se projetarem sobre os maçons burgueses.

Se na Inglaterra, aonde a Arte Real já vinha de longe, depois de 3 séculos de lutas religiosas e políticas, o povo já tinha encontrado o seu MODUS VIVENDI dentro da tolerância, a que prudentemente se tinha adaptado o clero aristocrático, os presbiterianos e os anglicanos, isto já não acontecia na França, onde a maçonaria era cousa nova.

Assim por volta de 1730/35 surgiu na França o Rito Francês e o Rito ESCOCÊS nos graus simbólicos, Pouco tempo depois foram inventados os graus "inefáveis", que paulatinamente foram sendo acrescentados ao "MAITRE ECOSSAIS".

Já em 1742, afirmam os historiadores contemporâneos, estava formada a "Maçonaria ESCOCESA", organizada pelo "Conseil des Empereurs d'Orient et d'Occident, Grande e Souveraine Loge Ecossaise Saint Jean de Jerusalem", uma subsidiaria surgida no seio da Grande Loja de França, que organizou o Rito Escocês, também adotando o sufixo ANTIGO E ACEITO, usado pela primeira vez por ANDERSON, em sua Nova Constituição de 1738.

E quando finalmente foi eleito para Gr.: M.: o Conde de CLERMONT, Louis de Bourbon, em 1743, havia na França uma verdadeira inflação de Lojas, mais de DUZENTAS, como nos contam historiadores da época, mas sendo muitas delas "Ordens de Cavalaria".

No ano de 1758 fundou-se em Paris um novo Corpo Maçônico, que recebeu o nome de CAPÍTULO, ou "Conselho de Imperadores do Oriente e do Ocidente", e NOVE Comissários deste Corpo elaboraram, o que se tornaria conhecido como a CONSTITUIÇÃO DE BORDEAUX, de 21 de setembro de 1762 (6° Dia da 3a Semana 7a Lua Ano 57621, que introduzia um sistema de RITO ESCOCÊS de 25 GRAUS. Mas a pacificação, que se tinha pretendida, não foi duradoura, e já em 1767 a Grande Loja de França adormecia.

Somente em 22 de outubro de 1773 a maçonaria francesa voltou a reunir-se em "Grande Loja Nacional", acabando por fundar o Grande Oriente de França, tendo como Gr.: M.: o Duque de CHARTRES.

A maioria dos Diretórios ESCOCESES se incorporaram ao Gr.: Or.: de França, enquanto alguns fundaram a Grande Loja de CLERMONT, de vida efêmera.

Deve ser mencionado aqui, que muitos escritores do passado, e ainda alguns "copistas" dos nossos dias, costumam citar o nome do Barão ANDREAS MICHAEL RAMSAY (nascido em 1686, iniciado na HORN LODGE, de Londres, em Março de 1730 (Ref. F-1973,937), e falecido em 6 de maio de 1743), como "inventor" do Rito Escocês dos "altos graus". Entretanto, basta a leitura de seus discursos como Gr.: Orador que era da Gr.: Loja de França, e especificamente o pronunciado em 21 de março de 1737, para termos a prova da incongruência de tal afirmação, pois disse textualmente o seguinte:

-... A atividade da Maçonaria, resumida nos TRÊS graus (... Evidentemente os simbólicos...), e só estes reconhecemos, pode ser considerada perfeitamente suficiente..."

Pronunciamento este, que bem prova a sua ojeriza aos graus inefáveis, que já então existiam. Provavelmente o simples fato de ter sido ele membro da "Ordem de São Lazaro de Jerusalém", da qual era Gr.: Mestre o Regente FELIPE DE ORLEANS, da educação de cujos filhos esteve RAMSAY encarregado entre 1715/24, Ordem de que ele recebeu o titulo de "Cavaleiro Baronnet D'ECOSSE", e ainda o fato de ter sido ele um grande estudioso e filósofo, por certo bastou aos historiadores profanos para lhe atribuírem essa "paternidade. Para melhor se compreender a confusão que existe, basta citar que se conhece "quatro" versões dos Discursos de RAMSAY: de 1738 (Haya), 1741 (Paris), 1742 (Frankfurt s. M. E de 1743 (Londres).

Vá lá que RAMSAY tenha colaborado na elaboração das bases para o rito ESCOCÊS nos TRÊS graus simbólicos, mas nem isto pôde ainda ser comprovado. E de passagem se diga aqui, que a primeira Loja de Perfeição, de que se tem noticia, foi criada em Bordeaux, em 1744, portanto um ano depois do passamento de Ramsay.

Lastimavelmente a Revolução Francesa, ao contrário do que habitualmente·se afirma, dispersou os Franco-Maçons, que só a partir de 1799 foram paulatinamente se reagrupando no Grande Oriente de França, que neste ano foi REERGUIDO.

Em 12 de outubro de 1804 os grandes oficiais do Rito ESCOCÊS se reuniram, e em nova reunião de 22 de outubro de 1804, de Grande Consistório, formaram uma GRANDE LOJA ESCOCESA DE FRANÇA DO RITO ANTIGO E ACEITO, elegendo o príncipe Luiz Napoleão para Gr.: M.: e para seu Representante-Presidente o Conde Alexandre-François-August de GRASSE-TILLY, mas já em Dezembro do mesmo ano este estabeleceu um acordo com o Grande Oriente de França, delegando-lhe poderes para administrar, além dos 3 graus simbólicos, também os graus "inefáveis" de 4 até 18 (Rosa-Cruz).

Mas quando em Julho de 1805 o Grande Oriente de França resolveu também administrar os restantes graus filosóficos, de 19 em diante, houve um rompimento entre as duas jurisdições, que só pôde ser sanado em 1821, quando o Rito Escocês Antigo e Aceito se reorganizou totalmente na França.

A atual Grande Loja de França só em 7 de novembro de 1894 foi RECONSTITUÍDA, quando 60 (sessenta) Lojas do Supremo Conselho decidiram separar o SIMBOLISMO do Sistema FILOSÓFICO dos Altos Graus. Portanto, na verdade era "Potência NOVA".

Fonte: História do Supremo Conselho do Grau 33.: do Brasil
Editôra: Livraria Kosmos Editora
Página: 3-5
Data: 1981

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

As Lojas de São João

Autor: Júlio Verne

- Meu Irmão, de onde vindes?
- Da Loja de São João, Venerável Mestre.
- Que se faz na Loja de São João?
- Levantam-se Templos à virtude e cavam-se calabouços para os vícios.

As lojas dos primeiros graus da Maçonaria são frequentemente chamadas de “Lojas de São João” em que a expressão “Loja de São João” deriva do título usado durante a Idade Média pelas corporações de construtores, designadas por “Confrarias de São João”.

As festas de São João Evangelista e de São João Batista, a primeira das quais é celebrada a 27 de Dezembro, no solstício de Inverno, e a segunda a 24 de Junho, no solstício de Verão, são celebradas na Maçonaria em Assembléias especiais.

As opiniões dividem-se sobre o santo ao qual a Maçonaria honra com maior ênfase sob o nome de "São João". Contudo, ambos os santos são muitos importantes do ponto de vista da simbologia maçônica.

São João Evangelista, deixou-nos no prólogo do seu Evangelho, um verdadeiro monumento esotérico:

“No começo era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.Ele estava, no começo, com Deus. Tudo era feito por ele e, sem ele, nada se fez de tudo o que foi feito. A vida estava nele, e a vida era a luz dos homens, e a luz brilhava nas trevas, e as trevas não o receberam.”

Em certas Lojas maçônicas onde a Bíblia é assumida como texto de reverência, o Evangelho de São João é qualificado frequentemente como o “Evangelho do Espírito”.

Quanto ao São João Baptista, filho do sacerdote Zacarias e de Isabel, prima da Virgem Maria, foi chamado de “Precursor” porque preparou os caminhos de Jesus. Ele foi chamado de “Baptista” porque batizava no Jordão. Herodes Antipas, irritado com as suas advertências por causa da sua união com Herodíades, sua sobrinha e a mulher do seu irmão, lançou-o na prisão de Maqueronte para, onde mais tarde, veio a ser decapitado. Comemora-se a sua “degolação” no dia 29 de Agosto.
Os pequenos edifícios, outrora construídos junto das catedrais eram habitualmente dedicados a São João Baptista e chamados “batistérios” em razão da sua destinação.
João, o Precursor pregava a renúncia e o arrependimento. Por sua vez, a Ordem Maçônica desempenha, ela também em muitos casos, o papel de precursora e pode fazer-nos lembrar o combate espiritual que João, o Baptista, travou contra os publicanos e a multidão.

João, o Precursor, que dividia a sua comida e as suas roupas com os infelizes, era considerado perigoso, e foi pelas suas idéias de fraternidade e de justiça que Herodes o condenou, por se tratar de uma postura "politicamente perigosa" pelo seu impacte na população.

O nome "João" está ligado também a outras referência históricas, nomeadamente à misteriosa lenda do “Padre João” dos séculos XII e XIII, que seria um soberano tártaro e ainda ao fato de que muitos imperadores da Abissínia assim se chamavam.
Diz-se, ainda, que os Templários celebravam as suas festas mais importantes no dia de São João, no verão, e que a Maçonaria perpetuou o costume e tradição da Ordem do Templo.Há ainda, quem relacione o nome "João" a "Janus", o deus latino de dois rostos: um jovem, outro velho, simbolizando o passado e o futuro, o ano que termina e o ano que começa.
A festa de São João, no verão, a 24 de Junho, é marcada por “fogos”, que ainda são queimados em muitas regiões e o folclore tradicional é rico de tradições relacionadas com esta festa.
Assim, a Maçonaria ao ser inspirada em dar o nome de "Lojas de São João" às suas Lojas, agrupou de algum modo, os múltiplos sentidos e símbolos que lhe podem ser atribuídos.

A procura da palavra

Autor: Júlio Verne
Muitos de vós questionam o que é a Maçonaria? Nós, maçons também nos interrogamos constantemente e procuramos a palavra, a verdade, por isso, hoje vamos apresentar a nossa visão e tentar responder a essa vossa/nossa interrogação, baseados em alguns textos antigos, mas que mantém toda a atualidade.

O que é a Maçonaria?

É uma instituição humanitária e sublime que exalta tudo o que une e repudia tudo aquilo que divide, que aspira a fazer da Humanidade uma grande Família de Irmãos.
É uma instituição de paz e amor, aberta às mais nobres aspirações, onde se realiza a união necessária, a fecunda de coração e espírito, onde se adquire o equilíbrio interior, onde os caracteres se afirmam e se consolidam.
É uma instituição em que a Fraternidade é uma influência ou guia espiritual para a concepção mais nobre e mais elevada da vida, que não é contra ninguém, porque é uma força indestrutível, nobre, generosa, porque é a luz da razão.
É uma instituição que prepara o terreno onde florescerão a Justiça e a Paz, a sua única arma é a espada da inteligência. Sabe que o único modo de produzir, mesmo socialmente, uma mudança profunda e durável de um meio, é de modificar a sua mentalidade.

Uma instituição que ensina o valor eterno dos princípios de cultura humana e individual, independente dos lugares e épocas, proporciona aos indivíduos e aos seus grupos, a noção clara e certa da Solidariedade, do Amor, do Direito, da Justiça e da Liberdade.

Quando é que se é Maçom?

Quando puder olhar por sobre os rios, os morros e o distante horizonte com um profundo sentimento da sua própria pequenez no vasto panorama das coisas que o rodeiam e, assim mesmo, ainda conservar a fé, a coragem e a esperança – que são as raízes de toda a virtude.
Quando sabe que no fundo do seu coração, todo o homem é tão nobre, tão vil, tão divino, tão diabólico, e tão solitário como ele mesmo e procura conhecer, perdoar e amar seu semelhante.
Quando sabe simpatizar com os homens em suas tristezas, sim, mesmo em seus pecados, sabendo que cada homem luta duramente contra muitos óbices no seu caminho.
Quando aprendeu como fazer amigos e conservá-los, e, sobretudo, como conservar-se seu próprio amigo.
Quando nenhuma voz de desespero atinge os seus ouvidos em vão e nenhuma mão procura sua ajuda sem obter resposta.
Quando achar um bem em toda a fé que ajuda qualquer homem a ver as coisas divinas e a perceber as significações majestosas da vida, qualquer que seja o nome dessa crença.
Quando conservar a fé em si mesmo, nos seus companheiros, e em sua mão uma espada contra o mal, em seu coração um pouco de canção.
Quando satisfeito por viver, mas não temendo de morrer.

Tal homem encontrou o único segredo da Maçonaria, aquele que Ela procura transmitir ao mundo inteiro.

O que é a Cabala? (Parte 3) - Portal da Cabala

Entrevista de Ian Mecler, do Portal da Cabal, no programa Sem Censura, da TVE, em agosto de 2007

O que é a Cabala? (Parte 2) - Portal da Cabala

Entrevista de Ian Mecler, do Portal da Cabal, no programa Sem Censura, da TVE, em agosto de 2007

O que é a Cabala? (parte I) - Portal da Cabala

Entrevista de Ian Mecler (Portal da Cabala) para o programa Sem Censura em Setembro de 2006.



Fonte: http://www.youtube.com/watch?v=SkSuDRiWQxE

A Maçonaria do Brasil

E a abolição da escravatura


Através de uma homenagem a José do Patrocínio, o maçon brasileiro Osvaldo Pereira da Rocha, do Maranhão, deu a conhecer, entre uma variedade muito rica de temas, alguns aspectos do contributo da Maçonaria Brasileira para o fim da escravatura. Osvaldo Pereira da Rocha intervinha no I Encontro Internacional de Cultura Maçónica (Lisboa - 18 a 20 de Outubro de 2007), ao tornar-se sócio efectivo da Academia Maçónica Internacional de Letras (AMIL).


José Carlos do Patrocínio nasceu em Campos de Goytacazes, no ano de 1854, no Estado do Rio de Janeiro, filho natural do padre João Carlos Monteiro. Só com o ensino primário, fixou-se na então capital do Brasil, aos 14 anos.

Foi um brilhante autodidacta e concluiu o curso de Farmácia em 1874. Logo no ano seguinte, principiou um tercurso brilhante no campo do jornalismo, publicando o quinzenário “Os Ferrões”, com Demerval Fonseca. Daqui passaria para a “Gazeta de Notícias”, primeiro, e depois para a “Gazeta da Tarde”.

Em 1881, José do Patrocínio fundou a Confederação Abolicionista, em cujo manifesto colaborou. No ano seguinte, foi homenageado no Ceará, estado que decretaria a abolição total da escravatura, em 1884.

Já director do jornal “Cidade do Rio”, que fundou, “saudou, em 13 de Maio de 1888, o advento da Abolição, pelo qual tanto lutara” e faleceu aos 51 anos, como referiu Osvaldo Pereira da Rocha, que afirmou: “Especificamente sobre a Maçonaria e o Maçon José do Patrocínio, publique-se que um dos capítulos memoráveis da história brasileira é a relação da Maçonaria com a comunidade negra. A instituição dos pedreiros livres teve e tem grandes quadros negros. Ela organizou a luta pela libertação do país em diversos momentos históricos - desde fins do século XVIII, quando chegou ao Brasil - e se fortaleceu institucionalmente ao lutar por mais de 50 anos pela libertação dos escravos”.

Os mulatos André Rebouças e Luiz Gama acompanharam José do Patrocínio no famoso trio abolicionista, que contou com o apoio de lojas cariocas e paulistas. “Foram eles que fundamentaram a cultura da libertação dos negros através de artigos, manifestos, actos públicos, conquista de adeptos para a causa e com discursos inflamados país afora. Com apoio maçónico, o referido trio afro-descendente ligou os seus nomes definitivamente à causa da libertação negra. Essa luta contou com a participação, na época, de quase todas as lojas maçónicas espalhadas pelo território brasileiro”, recordou Osvaldo Pereira da Rocha, na sua “Homenagem a José do Patrocínio”.

Fonte: Grande Oriente Luzitano.