domingo, 23 de março de 2008

Jaques De Molay

Colaboração do Irmão Carlos Alberto Santos



Dia 18 de março, a exatamente 694 anos atrás nosso herói martir Jacques du Bourgogne De Molay foi queimado vivo para satisfazer o desejo ambicioso de um rei por poder e dinheiro.


Aos 21 anos de idade, Jacques De Molay entrou para a Ordem dos Cavaleiros Templários. Estes eram uma organização sancionada pela Igreja Católica Romana de 1128, para proteger e guardar as estradas entre Jerusalém e Acre, um importante porto da cidade no Mar Mediterrâneo. A Ordem dos Cavaleiros Templários participou das Cruzadas, e conquistou um nome de valor e heroísmo.


Nobres e príncipes enviaram seus filhos para serem Cavaleiros Templários, e isso fez com que a Ordem passasse a ser muito rica e popular em toda a Europa.


Em 1298, Jacques De Molay foi nomeado Grande Mestre dos Cavaleiros, uma posição de poder e prestígio. Jacques De Molay assumiu o cargo após a morte de seu antecessor Teobaldo Gaudini no mesmo ano (1298).


Como Grande Mestre, Jacques De Molay passou por uma difícil posição pois as cruzadas não estavam atingindo seus objetivos. O anticristianismo sarraceno derrotou as Cruzadas em batalhas capturando algumas cidades e portos vitais dos Cavaleiros Templários e os Hospitaleiros (outra ordem de cavalaria), restaram apenas um único grupo do confronto contra os Sarracenos.


Os Cavaleiros Templários resolveram se reorganizar e readquirir sua força. Eles viajaram para a Ilha de Chipre, esperando pelo público geral para levantar-se em apoio à outra Cruzada.


Em vez de apoio público; como sempre, os Cavaleiros atraíram a atenção dos poderosos Lordes. Em 1305, Filipe IV "o Belo", rei da França, resolveu obter o controle dos Templários para impedir uma ascensão no poder da Igreja. O Rei era amigo de Jacques DeMolay (um de seus filhos era afilhado de Jacques De Molay, Delfim Carlos, que mais tarde se chamaria Carlos IV e seria rei da França). Mesmo sendo seu amigo, o rei da França com toda a sua ganância tentou juntar a ordem dos Templários e a ordem dos Hospitaleiros, pois sentiu que as duas ordens formavam uma grande potência econômica. Filipe IV sabia que a Ordem dos Templários, possuía várias propriedades e outros tipos de riqueza, doados pelos que um dia, haviam recebido a ajuda dos Templários em várias cruzadas pela Europa.


Sem obter o sucesso desejado, que era a de juntar as duas ordens e se transformar em um líder absoluto, o rei da França armou um plano para acabar com a Ordem dos Templários. Usando um nobre francês de nome Esquin de Floyran. O nobre francês teria como missão denegrir a imagem dos templários e de seu Grão Mestre Jacques De Molay, e como recompensa Esquin de Floyran receberia terras pertencentes aos Templários logo após derrubá-los.


O ano de 1307 viu o começo da perseguição aos Cavaleiros. Apesar de possuir um exército com cerca de 15 mil homens, Jacques De Molay havia ido a França para o funeral de uma Princesa da casa Real Francesa e havia levado consigo poucos homens, sendo esses todos nobres. Na madrugada de 13 de outubro Jacques De Molay, juntamente a seus amigos, foram capturados e lançados nas masmorras pelo chefe real Guilherme de Nogaret (este era um de seus conselheiros) .


Durante sete anos, Jacques De Molay e os Cavaleiros sofreram torturas e viveram em condições subumanas. Enquanto os Cavaleiros não se dobravam, Filipe IV gerenciava as forças do Papa Clement para condenar os Templários. Suas riquezas e propriedades foram confiscadas e dadas a proteção de Filipe.


Após três julgamentos, Jacques De Molay continuou sendo leal para com seus amigos e Cavaleiros. Ele se recusou a revelar o local das riquezas da Ordem, e recusou-se a denunciar seus companheiros. Em 18 de Março de 1314, ele foi levado à Corte Especial. Como evidências, a Corte dependia de confissões forjadas, supostamente assinadas por Jacques De Molay. Ele desmentiu as confissões forjadas. Sob as leis da época, a pena por desmentir uma confissão, era a morte. Jacques De Molay foi julgado pelo Papa Clemente, e assim como Jacques Demolay, outro Cavaleiro, Guy D'Auvergne, desmentiu sua confissão e ambos foram condenados . O Rei Filipe ordenou que ambos fossem queimados naquele mesmo dia, e deste modo a história de Jacques De Molay se tornou um testemunho de lealdade e companheirismo. De Molay veio a falecer aos seus 70 anos de idade no dia 18 de Março de 1314.


Jacques De Molay durante sua morte na fogueira intimou aos seus três algozes, a comparecer diante do tribunal de Deus, amaldiçoando os descendentes do Rei da França, Filipe o Belo. O primeiro a morrer foi o Papa Clemente V, logo em seguida o Chefe da guarda e conselheiro real Guilherme de Nogaret e no dia 27 de novembro de 1314 morreu o rei Filipe IV com seus 46 anos de idade.


A Última Prece de Jacques De Molay :


"Senhor, permiti-nos refletir sobre os tormentos que a iniqüidade e a crueldade nos fazem suportar. Perdoai, oh meu Deus, as calunias que trouxeram a destruição à Ordem da qual Vossa Providência me estabeleceu chefe. Permiti que um dia o mundo, esclarecido, conheça melhor os que se esforçam em viver para Vós. Nós esperamos, da Vossa Bondade, a recompensa dos tormentos e da morte que sofremos para gozar da Vossa Divina Presença nas moradas bem-aventuradas. Vós, que nos vedes prontos a perecer nas chamas, vós julgareis nossa inocência. Intimo o papa Clemente V em quarenta dias e Felipe o Belo em um ano, a comparecerem diante do legítimo e terrível trono de Deus para prestarem conta do sangue que injusta e cruelmente derramaram."


Fica nossa homenagem a este grande herói, que para sempre ficará em nossas lembranças como exemplo de companheirismo e lealdade.

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